Antes de mãinha ser diretora do Paes Barreto, onde se
aposentou, ela foi responsável por outras escolas de porte menor. Lembro de um
fato que ficou registrado na minha mente porque foi no ano que eu estudei na escola
pública que funcionava na União dos Artífices Petrolinenses, fato este, ocorrido
quando minha mãe era a diretora da escola.
Horrível aquele ano! Não porque estudei em escola pública. Já
havia estudado antes e em condições piores porque: 1) eu era menor; 2) o turno
era vespertino e 3) a escola ficava em Abreu e Lima. Tinha que almoçar bem cedo
para pegar mais de um ônibus a partir do ponto que havia (ou há) no Parque 13
de Maio. Mais agravantes: Na sala não tinha carteiras individuais e isto
significa que eu sentava junto de uns guris que exalavam um cheiro assim, do
tipo que denuncia ausência de banho. E o pior, eu não podia correr daquele
fedor porque Dona Valdete me achava sabidinha e me botava para auxiliar a lição
daqueles colegas.
Apesar de toda essas “derrotas”, mil vezes pior foi ser aluna
em escola pública que a mãe é diretora. Os colegas me olhavam atravessado, me
escanteavam e desde então eu sei o que é ser vítima de inveja. Você não precisa
fazer nada!
Naquele ano, mãinha esqueceu, por algum
motivo de gente adulta, de providenciar a muda de árvore que seria plantada lá,
nos Artífices, em homenagem ao dia da árvore.
Nós duas já estávamos de saída, eu com aquela fardinha
horrorosa e ela toda arrumada, pisada firme, sorriso no rosto, como era seu costume. Foi quando ela lembrou que faltava algo. Voltou da porta
correndo, quebrou um galho novo de goiabeira, enfiou num saco com terra e lá
vamos nós.
Na hora da homenagem, eu na fila com meus colegas e ela, comandando. Fez a preleção sobre o dia da árvore e etc. e quando passou a
plantar aquela falsa mudinha de goiabeira, eu fiquei "toda errada" porque vi uns meninos
maiores e mais sabidos com gaiatice, mangando do gesto de minha mãe.
Bem, concluindo, e como eu disse, esse fato ficou registrado
na minha mente, embora por muito tempo sem a devida análise. Apenas uma
lembrança horrível: Dos meninos zombando de minha mãe. Mas depois de algum
tempo, com a maturidade chegando foi que pude ver o lado bom da situação e admirar
como a minha mãe era “desenrolada”.