segunda-feira, 20 de julho de 2009

EITA PETROLINA QUENTE!



Eu andava numa fase horrível. Nada dava certo. Quando alguma coisa dava indícios que iria se concretizar, fato superveniente atrapalhava e tudo voltava pra “estaca zero”. Era como se eu estivesse me debatendo em troubled waters apenas para ir escapando.


Diante da vulnerabilidade em que me encontrava, aderi a um conselho: “Você precisa tomar um banho de descarrego. Pegue 1 copo de cachaça, 7 capas de fumo de rolo, 7 dentes de alho, 7 galhos de fedegosa, 7 galhos de tipi, sal grosso Junte tudo e deixe macerar de uma noite para o dia seguinte. Tome o banho e vista roupas claras”.

Meu padastro, (que Deus o tenha!) era uma boa pessoa, mas era doente. Artrite, bursite, um monte de ites, e quando estava atacado, ele contra-atacava o primeiro que passasse por perto.

No dia do meu banho de descarrego, ele estava atacado de artrite. Topou comigo na saída do banheiro e disse: “Eita Petrolina quente! O povo já sai do banheiro fedendo!”

Talvez o banho tenha sido tão eficaz que fui acometida por uma crise de riso e até hoje quando lembro da cena me ponho a rir. Eita Petrolina quente!!!rsrsrs

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O PODER DO OLHAR



Não pretendo me aprofundar na fisiologia dos olhos. Não vai ser preciso e pode dar nó no meu juízo, porque não possuo graduação para tanto, porém preciso iniciar minha historieta pontuando que os olhos são instrumentos da visão, mas, ao longo do tempo, têm servido de inspiração aos poetas. Mesmo que alguns não saibam mensurar a profundidade das seguintes frases todo mundo as conhece: “os olhos são a janela da alma”, “um olhar diz mais do que mil palavras”, etc. São até nomes de comunidades do Orkut!

Meus olhos são grandes, castanhos e tristes e já me legaram tanto elogios como problemas. Acredito que não sou única:

Uma antiga conhecida minha, casada a vários anos, passou por uma situação de aperto testando o poder de seu olhar. Foi assim: O seu cônjuge havia lhe presenteado com um par de papilas dérmicas na parte frontal de sua cabeça, e assim, com o desconforto dessas hastes na testa, ela começou a se questionar como uma mulher adjetivada por muitos como bonita, inteligente, e outros qualificativos mais, estava sendo trocada por outra que nem era esses balaios? e ficou com muita vontade de testar o seu poder de sedução. Entretanto, não mais sabia como! Havia tanto tempo que não cuidava disso ... Foi quando passou a observar o comportamento de sua doméstica, que passava dos quarenta. Essa por sua vez, que já estava curada do mesmo problema, mantinha seu bom humor enquanto trabalhava. À noite ia pra escola e depois da escola, às sextas, ia com a turma tomar uma cervejinha. E nessas saídas, dizia ela que sempre era cantada.

A minha conhecida, sua patroa, disse que pensou: “Não é possivel! Tem alguma coisa errada comigo!” Decidiu perguntar o
modus operandi da doméstica conseguir admiradores explícitos. De pronto veio a resposta: “É fácil. Basta a senhora segurar o olhar”. Simples assim? Testou. Foi em um supermercado. Não havia planejado. Estava com o marido. Tabuleiro de verduras. O capeta lhe mostrou um homem lhe fitando com aquele olhar de desejo. Ela percebeu e “segurou”. Do jeitinho que foi ensinada. Pra quê? O homem começou a fazer mungangas indicativas de que queria lhe telefonar. Ela afobada saiu de onde estava e, sem norte, foi zigue-zagueando das verduras para a ala dos laticínios, dos produtos de higiene, todas as alas até que... se toparam e ele lhe passou um papelzinho onde estava escrito: "Vou te amar para sempre! Você é linda!"

O que ela sentiu nessa experiência, talvez eu não tenha captado exatamente, mas uma coisa ela me passou: O resultado do teste do olhar excedeu o limite de eficiência! Com o poder dos olhos ela não brinca jamais! (rsrsrs)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

QUANDO CONHECI A AMORC


Nunca esqueço a primeira vez que tive contato com os rosacruzes. Foi no terminal rodoviário de Petrolina nos idos de 82. Interessante! No momento que escrevo sobre meu primeiro encontro com os rosacruzes me veio a lembrança do fantástico dia da inauguração desse bendito terminal rodoviário... boa lembrança... If I could turn back the hands of time...

Eu estava amarga. Como em Roda-Viva de Chico Buarque (“tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu...”). Não estava pra conversa. Aquele povo se amostrando (eu gosto de dizer “se amostrando”. Me dá a sensação que me vinguei de quem estava me incomodando) ...rindo, se abraçando... Que piegas! Tomara que nenhum deles tome assento perto de mim. Melhor teria sido pedir pra algum deles sentar perto de mim porque foi justamente o que aconteceu. A poltrona vizinha era de uma “deles”. Que porre! Tomara que ela não fale comigo. Melhor teria sido pedir para ela tagarelar durante a viagem toda porque foi isso o que aconteceu. Que chato!!! Será que ela não tem sensibilidade pra ver que eu quero ficar em silêncio???

Depois que vi frustrada a minha tentativa de dar um basta às suas perguntas, respondendo-lhe com monossilábicos SINS e NÃOS, eu resolvi mudar de estratégia. Inverti. Passei a lhe fazer perguntas cujas respostas não me importavam. O meu desejo era o de REVANCHE. Incomodá-la! (o sabor da vingança já estava nos lábios rsrsrs). Mas, para minha surpresa, o tiro saiu pela culatra! Pois não é que fui me envolvendo? Fui me interessando... veio a troca de endereços, de telefones... a amizade e a LUZ!

Das coisas boas (boas mesmo) que já aconteceram na minha vida, essa passagem é uma delas (o dia da inauguração da rodoviária também). Fico imaginando o quanto eu teria perdido se eu não tivesse dado o braço a torcer quando reconheci em mim, uma buscadora, que acabava de encontrar o caminho para a LUZ, VIDA e AMOR através da amada Ordem Rosacruz AMORC!

terça-feira, 7 de julho de 2009

SEU JOÃOZINHO DO PHAROL


Meu avô nasceu em um 11 de julho. Foi uma pessoa digna, íntegra. Deu sua colaboração na comunidade onde viveu. Fez do sonho do menino Joãozinho, a realidade do Jornalista João Ferreira Gomes. Dou valor a quem luta por seus ideais e não se desvirtua na caminhada. Vovô foi assim: Um bravo que lutou com poucas armas e saiu vitorioso. Não saiu rico, porque riqueza material não fazia parte de sua meta. Mas era um homem farto, generoso, caridoso, altruísta, equilibrado, comedido, atencioso, honesto, paciente, amigo.

Minhas lembranças de vovô são doces. Sou sua primeira neta e cresci órfã de pai. Meu vô foi meu pai, mas mesmo assim, nunca levantou a voz pra mim. Lembro-me de três situações que ele poderia ter me punido de alguma forma, das quais segue relato de duas:

I) A primeira vez que inventei de depilar minhas pernas foi com o aparelho de barbear dele. Peguei escondido, à tarde, depois do colégio. Na minha santa ingenuidade, eu pensei que esse “malfeito” fosse passar despercebido. Mas qual foi minha surpresa e desolação quando, no dia seguinte, logo cedinho ele me olhou tranquilo, como sempre e disse: Você está diferente hoje! O que voce fez? Respondi, 'fiz nada não' e e ele insistiu: "Suas pernas estão mais brancas." Meu Deus! Pensei que eu ia morrer de vergonha! Sim porque apesar da pouca idade, eu sempre fui do tipo que não gosta de ter os erros apontados por ninguém. Dou logo a mão à palmatória. E nesse dia, eu vacilei. Quase mentindo pro meu avô! Demorei pra tirar esse episódio da cabeça e, na verdade nunca tirei. Hoje tenho certeza que depilar as pernas com 13 anos não corresponde a nenhum pecado mortal e o que o me consumiu mesmo foi o “furto de uso” do aparelho de barbear dele.

II) O estabelecimento comercial de vovô era constituído de livraria, papelaria, tipografia, jornal. Ele também era distribuidor de revistas para as bancas da cidade. Eu saía do colégio e ia direto pra lá. Sentava atrás do expositor de revistas e esquecia do mundo (tempo bom!)... Um dia ele me flagrou lendo fotonovela (registro de somenos importancia: sou do tempo de fotonovelas rsrs) Sereno, foi na vitrine de livros, pegou Inocência de Visconde de Taunay e me entregou dizendo: "Tome. Essa é que é a leitura para você." Novamente o frio acusador de conduta reprovável atingiu o meu plexo solar.

Era sábio. "Mais vale a suavidade com que repreendes do que a severidade com que castigas". Aprendi muito com Seu Joãozinho. Um dos ensinamentos que ainda pratico é cumprimentar as pessoas que cruzam comigo. É ato simples, mas que gera uma felicidade ímpar! Bom dia! Boa tarde! Boa noite! Era marca registrada dele. Ia a pé, de casa pro trabalho e voltava do trabalho pra casa, cumprimentando a todos que encontrava. Em 2001, fiz um poema em sua homenagem, demarcando as fases de sua vida me utilizando do Bom dia – para a infância, Boa tarde – para a juventude e Boa noite – para a velhice. Reconheço que a métrica está horripilante mas já tentei mexer e não consigo (mexer nele agora seria fazer uma poemoplastia). Segue:

Joãozinho

Bom dia Joãozinho!
Que nasceu João,
Numa cidade menina
No interior do sertão
Chamada Petrolina
Onde você vai crescer,
Amando-a até morrer

Joãozinho, Bom dia!
Agora vá trabalhar
Naquilo que sempre
Gostou de brincar
Fazer jornalzinho
E com nome " O Pharol "
Ele irá circular

Boa tarde, Seu Joãozinho!
Como vai indo o jornal?
O progresso está vindo,
Até aí nada mal
Mas cuidado meu rapaz,
Não vá se empolgar demais
Nem tampouco se iludir
E desviar seu ideal

Pois em tudo há tropeços,
Quedas e recomeços
Cuide bem da família,
Ajude a quem precisar
Com ênfase pros que não podem
Mas gostam de estudar
Amável seja com todos
E a todos deve saudar

Bom dia, Boa tarde, Boa noite
Sua marca sempre será
De paletó e gravata
No sol quente de escaldar

Boa noite, Seu João
Agora vá descansar
O sol se pôs prometendo
Pra muitos voltar a brilhar
As aves nos ninhos repousam
Pra na aurora cantar
No cais o gaiola dança
Com movimento das águas
Suavemente balança

Descanse seu João!
Se dê por feliz
Você cumpriu sua missão
Quando tantos pela vida
Passam sem opinião
Sem motivo, sem sentido
Em peregrinação

Você conseguiu!
Os tropeços vieram
E você não caiu
Amanhã sempre é um novo dia
Com tudo igual novamente
Muita gente nascendo,
Morrendo muita gente

Que da sua história a moral
Não seja tão comovente
Mas fique sempre na mente:
Felicidade plena só sente
Quem vive honestamente.