A EVOLUÇÃO DO MEU CONCEITO DE AMIZADE

Dia 20 passado foi dia do amigo. Os amigos saudaram-se entre si. Os créditos dessa celebração são dados ao argentino Enrique Ernesto Febbraro que, em resumo, viu na chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, não somente uma vitória científica, mas uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo.

Estive refletindo sobre a importância de ter amigos e ser amiga. Lembro-me que vovô repetia sempre: “mais vale um amigo na praça do que dinheiro em caixa”. Primeiro eu nem entendia o que ele queria dizer. Depois passei a não concordar, até que concordei, vivenciando as minhas mudanças de opinião assim:

Quando não entendia, eu era pequena e o quadro mental que imaginava daquelas palavras era apenas uma pessoa sentada na praça mais famosa daqui de Petrolina, a Pça D. Malan e uma caixa cheia de dinheiro em casa. Não podia entender. Sem sentido o que meu avô falava...

Quando discordei, já maiorzinha, eu achava que o dinheiro era mais importante. Com o dinheiro em caixa, eu teria bonecas, chocolates, chicletes. Para que amigo? Eu sempre brincava sozinha mesmo...

Quando eu concordei, adolescendo, pensei que sabia o que era ter amigos: Os amigos são aquelas pessoas que não ousam discordar de mim, que me fazem companhias nas festas...

Descambando para o amadurecimento, houve evolução na definição de amigos. Passei a pensar o pensamento dos outros: Os amigos são pessoas com as quais podemos contar em qualquer momento, quer sejam momentos tristes ou alegres, são pessoas que nos oferecem seu ombro, blá, blá, blá.

Só entendi o que se traduz por AMIGO quando constatei que existem pessoas de coração puro, desinteressadas, altruístas, generosas. Fátima Moura encerra tudo isso.

Conheci Fátima em Caruaru, ocasião em que passei no vestibular de Direito. Havia terminado Licenciatura Curta em Letras aqui em Petrolina. O curso de Direito era no turno noturno na SCES. Plenificar Letras seria no vespertino, na FAFICA. Dava para conciliar. Consegui matricular-me no 7º. Período de Letras na FAFICA e lá vou eu!

Meu primeiro momento com os colegas de Letras aconteceu quase 1 mês após o inicio regular das aulas, exatamente na aula de inglês, (coisa do destino?) ministrada pelo Prof. Daniel. A aula já havia começado naquele dia. Pedi permissão para entrar e fui esconder-me nas bancas de trás. Não deu 1 minuto o professor puxou conversa comigo. Em inglês. Perguntinhas básicas mesmo, mas respondi direitinho. Senti a sala toda olhando pra mim. Nossa! Que sensação confusa...(agradei? desagradei? fiz certo ou errado?)

No intervalo da aula choveu gente ao meu redor. Fátima estava no meio. Fiz muitas “amizades” ! Eita coisa boa! Só que, com Fátima foi diferente. Nós já tínhamos afinidades. Veja: Fátima e eu fomos batizadas Maria de Fátima, nascemos no mesmo ano, sob o mesmo signo do zodíaco, e na mesma maternidade em Recife. Somos amigas/irmãs. D. Nice e Seu Moura me adotaram. Nossa amizade fez-se tão forte que nem o efeito corrosivo do tempo conseguiu destruir!!! (o tempo cura mas destroi também). Nós aprendemos a rir e a chorar juntas e juntas estamos para sempre pelo laço forte da amizade, apesar dos quase 700 km de distância entre nossas moradias. No filme de minha vida, Fátima Moura tem um capítulo especial, TODO dedicado a ela, com direito a trilha sonora de Fernando Brant e Milton Nascimento.

“...Amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção, o que importa é ouvir a voz do coração...”